A crise global gerada pela disseminação do COVID-19 é, para a maioria de nós, um acontecimento sem precedentes, algo que nunca imaginamos presenciar.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de saúde) é imperativo que a indústria alimentar reforce as medidas de higiene pessoal e proporcione pautas de atuação e capacitação dos trabalhadores sobre os princípios de higiene alimentar, a fim de reduzir o risco de que as superfícies dos materiais de embalagem possam ser contaminadas com o vírus caso algum trabalhador esteja infectado.
Qual o potencial impacto no ambiente de preparação e distribuição alimentar, assim como que recomendações de higiene e segurança alimentar já elaboradas por diversas entidades de referência no contexto da pandemia COVID-19?
Visto que não existindo vacina nem terapêutica específica para esta infeção, é imperativo que sejam reforçadas as medidas de prevenção da transmissão do vírus, incluindo higiene pessoal e os princípios de higiene alimentar para se eliminar ou reduzir o risco de contaminação de superfícies/objetos da área alimentar, mãos e materiais de embalagem de alimentos.
Tal como os outros vírus, também os coronavírus não se multiplicam nos alimentos, uma vez que necessitam de infetar células do hospedeiro animal ou humano (parasitas intracelulares obrigatórios).
Os coronavírus são vírus com nucleocápside, a qual se encontra revestida por um invólucro (constituído por uma bicamada lipídica derivada de sistemas membranares intracitoplasmáticos das células do hospedeiro). A presença de invólucro torna-os sensíveis a agentes que dissolvem “gordura”, tais como os detergentes para lavagem da louça, sabões para lavagem de mãos e álcoois.
Quanto aos efeitos dos agentes biocidas correntemente utilizados para desinfeção química (desinfetantes), os coronavírus podem ser inativados através de procedimentos de desinfeção de superfícies com agentes à base de etanol (62-71%), peróxido de hidrogénio (0.5%) ou hipoclorito de sódio (0.1%), alertando para a importância da aplicação de concentrações apropriadas para a redução do número de partículas virícas. Os resultados com outros agentes biocidas testados, tais como cloreto de benzalcónio (0.05-0.2%) e digluconato de clorohexidina (0.02%), demonstraram eficácia, embora menor do que os biocidas referidos anteriormente,
Assim, a OMS insiste na necessidade de proporcionar aos trabalhadores equipamentos de proteção pessoal, como máscaras e luvas, ferramentas que podem reduzir e evitar a propagação do vírus e outras doenças no sector alimentar, mas sempre que utilizadas de forma adequada. Também aconselha o distanciamento físico, a lavagem frequente das mãos e das zonas de trabalho em todas as etapas de processamento, fabrico e comercialização dos alimentos, devendo ser assegurados procedimentos regulares e corretos de limpeza e desinfeção de superfícies (instalações, equipamentos, e pontos de toque frequente, como balcões, bancadas, pinças e outros utensílios e manípulos de portas), bem como lavagem adequada das mãos (água e sabão normal por pelo menos 20 segundos; os desinfetantes para mãos podem ser usados como uma medida adicional, mas não devem substituir a lavagem das mãos) combinada com o uso frequente de desinfetantes à base de álcool (as luvas descartáveis não devem ser usadas como substituto da lavagem das mãos). Na desinfeção de superfícies pequenas da área alimentar são recomendados os desinfetantes à base de álcool (etanol, 2-propanol, 1-propanol) em concentrações de 70 a 80%, uma vez que reduzem significativamente a infecciosidade de vírus com invólucro como o SARS-CoV-2.